terça-feira, 13 de julho de 2010

Dissertando - Palmadinhas e beliscões

Essa cena aconteceu há uns três anos. Fui com meus pais visitar uns amigos da família. Entre os visitados, tinha uma criança de uns três anos. Era um garotinho muito bonito e muito agitado, subia nas cadeiras, queria chamar atenção, falava alto, mexia com os cachorros, se sujava todo, enfim, fazia uma bagunça enorme. Eu não tenho a mínima paciência com crianças e não sei como eles conseguiam ser tão calmos com o menino. Uma hora, a mãe dele o pegou pelo braço e deu um sermão mais forte. Ele, assustado, correu e disse: "Se você me bater vou chamar a polícia!".

Mês passado, o afilhado da minha mãe veio passar uma tarde aqui em casa. Ele fez dois anos há pouquíssimo tempo, e, quando bebê, sempre tinha sido bem calmo. A mãe dele tem só 19 anos e estava grávida (a bebê nasceu semana passada), estava trançando o meu cabelo e não podia ficar o tempo todo dando atenção ao filho, minha mãe resolveu ela mesma dar almoço ao afilhado. Quando pôs o prato e o copo de suco, ele não queria comer a comida e começou a fazer um escândalo. Chorou, gritou, se jogou no chão. Ela reclamou, deixou ele falando sozinho, tomou o copo, nada resolveu.
Mais tarde, ele ficou acendendo e apagando a luz. Eu tentei fazê-lo parar e ele não me ouviu. Meu pai chegou e deu dois gritos, o menino abaixou a cabeça e foi brincar.

Hoje, vendo o jornal, soube que o governo realmente vai votar uma lei que proíbe o pais de darem palmadinhas e beliscões nos filhos. Vou ser honesta, não sei onde o mundo vai parar!
Porque, sinceramente, não tem gente passando fome, não tem policiais em greve, não tem assassinos soltos e não tem Copa do Mundo no Brasil em 2014. Não é preciso se preocupar com a gravidez na adolescência e nem com o abuso de autoridade dos policiais, as eleições nem estão se aproximando com seus candidatos ridículos, a média do Ensino Médio brasileiro é imensamente mais alta do que 3,1 e todas as escolas tem professores qualificados de todas as matérias, que, à propósito, estão muito satisfeitos e são bem valorizados em seu trabalho.

Agora, é um absurdo que os pais tentem corrigir seus filhos antes que o mundo, os bandidos ou a polícia precisem "descer a porrada" neles. Pague-me uma garapa, viu!

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