O índice de violência nas cidades aumenta assustadoramente. O tráfico, o chamado "poder paralelo" é o que domina, principalmente, nas favelas brasileiras. Dois importantes fatores que nos prendem a essa realidade são: resquícios de nosso passado colonial e a falta de compromisso do governo.
Durante muitos anos a economia brasileira dependeu da mão de obra escrava. No século XIX, ficou acertado o fim do regime escravocrata, mas essa lei não garantiu dignidade ou direitos devidos aos ex-escravos. Ao abrir os portões de suas propriedades, os fazendeiros estavam abandonando essas pessoas à própria sorte. Não houve uma política própria para a introdução desse contingente populacional na sociedade brasileira; sem dinheiro, casa ou instrução, eles foram largados à própria miséria e, sem perspectiva iam formando imensos bolsões de pobreza.
Essa falta de comprometimento com a maioria desfavorecida permanece. O governo cobra tributos que chegam a um quarto da renda do trabalhador e não oferecem segurança, lazer, educação, saúde e/ou moradia. A culpa da violência é posta toda sobre o tráfico de drogas, mas as condições criadas para o estabelecimento do crime são culpa dos erros de nossos administradores políticos através da história. Hoje já não é fácil entrar em comunidades carentes e tentar mostrar serviço. O "poder paralelo" domina e começa a assustar.
É necessário investir no cidadão. As obras faraônicas e as esmolas do governo são inúteis às necessidades de politização e criação de uma consciência crítica na sociedade brasleira atual. Quanto mais se discute o problema, mais perto se está da solução.